quarta-feira, 9 de julho de 2014

A derrota do meu 'não-time' que mais doeu na vida.


Nos meus 20 anos de existência, sempre ouvia falar da final da Copa de 1950 - o popular Maracanazo. Mesmo que eu não seja uma pessoa de emoções visíveis, quando se trata de futebol, todo e qualquer sentimento cresce exponencialmente, viro uma criança vendo a menor demonstração de amor de um torcedor para com seu clube. Então, nos exercícios mentais de um domingo ocioso de manhã, sempre pensava, ao ver no Esporte Espetacular, como foi para cada um dos brasileiros presentes no Maracanã ver aquela derrota para o time de Ghiggia, como seria ter vivido aquele sentimento frustrante... Pois bem, não preciso me preocupar em lembrar de milhares de brasileiros chorando em preto e branco frente à tv. 

Pois sim, amigos. Posso dizer, com muito pesar, que vivi o maior vexame da história do futebol brasileiro. Não como na Copa de 1998, quando eu não tinha sequer consciência do que era futebol, mas já como um homem. Com convicções, com estrutura suficiente pra perceber o que tudo isso representa para cada um dos torcedores, que realmente amam o futebol, que fazem desse esporte um meio de se libertar, de comemorar, de fugir de suas realidades e simplesmente ser emoção, mesmo que durante 90 minutos. Mesmo que a cada 4 anos.

É de conhecimento de muitos, minha simpatia para com a Seleção Argentina. Não sou desses que pensam que uma instituição representa um país inteiro. Também não sou do tipo que mistura o futebol com outros fatores, como política, educação e etc. São coisas totalmente distintas e uma não tem como - e nem deve - ser comparada a outra. Talvez, por isso, eu nunca tenha sido muito ligado a essa coisa de colocar camisa amarela, sair na rua com peruca, sair buzinando, nem sequer vibrar como vibraria com um gol do meu Santos - que por sinal, três momentos tristes da história recente me vieram a tona com esta partida da Seleção e eu nem preciso dizer quais são. 

Mas hoje, ao passar pelas ruas e ver um clima deserto, completamente parado, quase que num luto coletivo e ao chegar na loja e retirar a bandeira do Brasil que estava hasteada, me bateu uma tristeza abrupta, como se nesse dia de hoje, juntamente à noite de ontem, nada poderia fazer a alegria de dias atrás voltar. Parecia faltar algo. 

E faltou algo. Faltou trabalho para esta Seleção. Ficar atendendo a caprichos de emissoras de televisão, dizer que está tudo bem, que vamos ganhar a Copa de antecipação... tudo isso dá a entender que ainda somos os melhores do mundo. Só esqueceram do principal: treinar pra isso. Qualquer cobertura de um domingo de "treino" da Seleção deixava óbvio o que se estava fazendo, na Granja Comary: NADA. Enquanto outros times, realmente se prepararam, os treinadores de fato se aplicavam, estudando adversários, treinando variações táticas, jogadas ensaiadas, o Brasil se mostrava mais um produto ordenado pelas "Poderosas da Imprensa", para agir conforme elas quisessem. O resultado está aí! SETE a um.

Infelizmente, o cenário parece pouco propício a mudanças. Levando-se em conta que o Marin (atual presidente da CBF - aquele mesmo que surrupiou uma medalha do goleiro do Corinthians na final da Copa SP 2012 e passou dois anos usando energia elétrica do vizinho na base do gato) será vice-presidente de seu atual vice-presidente (sim, apenas se troca a ordem em um novo mandato) Marco Polo Del Nero, já sabemos que "lá em cima" nada mudará. Ojalá então, tudo comece por baixo: com um trabalho de base decente, jogadores mentalmente preparados, treinadores que estudem e que queiram trabalhar... tudo isso precisa ser revisto.

No dia que entendi um pouco o que é ser torcedor do Brasil, deixo esta para todos os torcedores, fervorosos ou não: Se a derrota na Copa de 50, nos levou a uma mudança no futebol nacional, que nos trouxe duas décadas de glória, podemos esperar que a maior vergonha da história da Seleção nos mostre algum futuro brilhante? Tomara que sim, pois é inadmissível ver o treinador do Chile - com todo respeito - dar um banho tático no treinador da Amarelinha. É inadmissível perder da maneira que perdemos ontem. É inadmissível um treinador se preocupar mais com declarações de efeito, ou discutir com jornalistas do que treinar o time para ser campeão. 

(PS: É a terceira chance que o Brasil tem para se reconstruir e se reconsolidar. O mais difícil é ler que foi "um apagão de 10 minutos". Não foi. Foi um apagão de 10 anos, 10 anos sem trabalho, pensando que o "nome" Brasil é o suficiente pra bater todo e qualquer adversário. Hoje, mais do que nunca, não é!)


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